segunda-feira, 9 de agosto de 2010


No sábado, estive visitando a propriedade de um agricultor localizado no interior de Carazinho, em que pese ele não ser um agricultor que more na propriedade em tempo integral, as características de como ele vê a propriedade é realmente diferente da maioria dos agricultores da região, sendo uma propriedade com 150 hectares, sendo destes 110 de mata nativa e regenerada, ele passa a preservar a natureza sendo reconhecido na região com o questionável estereótipo de ecologista, não dele como um preservador, mas me refiro aos que julgam ecologia muito previamente do que ela representa, denegrindo a imagem de uma ciência que questiona muito o nosso modo de vida. No que falo do agricultor, realmente é um grande ecologista prático, desculpe-me a redundância, pois a floresta por ele preservada a mais de 30 anos é também um meio de subsistência alimentar e econômica, pecuarista, produtor de carvão de origem de mata nativa (árvores caídas, velhas ou derrubadas por questões climáticas), produtor de erva-mate, além dos infindáveis produtos florestais que pode retirar mantendo aquela floresta de um modo sustentável. Andando pela propriedade, a qual tem uma Araucária centenária (foto) que leva como símbolo a propriedade e marco das florestas da região, sendo mesmo assim na minha avaliação um agricultor abandonado, a mercê das leis ambientais, de tecnologias e longe da visão de muitos ecólogos espalhados mundo a fora, as possibilidades que ele viu na floresta é a visão de poucos, são daquela mínima parcela da população que está dia-a-dia no contato com a natureza, em que todo conhecimento foi por ele conseguido através da própria experimentação e pelo esforço em conhecer mais sobre a biodiversidade.
Trago o relato acima, virtualizando várias questões filosóficas, científicas e políticas (redundância novamente), da colonização do estado, por implicações culturais dos agricultores que na região se instalaram, não é de se assustar de como está nossa região, em especial o Alto Uruguai e o Planalto Médio, dominado por monocultivos retratando o modelo de agricultura agroexportadora e insustentável e o contraste pelo agricultor atingido pós anos de extração florestal que nos traz a questão se a floresta é obstáculo a produtividade ou desafio de um novo paradigma tecnológico de sustentabilidade.
No momento, diante do atual cenário ambiental mundial e brasileiro, questões como propostas de um novo código florestal brasileiro, limite da propriedade rural, agronegócio, os quais trazem esse ponto ao nosso pensamento, que na nossa região o que torna a floresta empecilho a produção, além de cultural, também político, desde leis até as políticas públicas, remete a uma nova fase, de discussão sobre ambiente que envolve todos os segmentos da sociedade.
Talvez devamos relembrar a qual modo de vida estamos sobrevivendo, ao acúmulo populacional em cidades, virando parasitas do mundo e da nossa biodiversidade, ou procurarmos rever nossos conceitos sobre a natureza, não só como lazer, nem ambiente de estudo, mas como integrantes dela, e bem como o porte do agricultor, de uma mente capaz de mudar, a qual está sempre estudando seu ambiente e se adaptando com ele diante das adversidades do governo, da cidade e as pessoas deste mundo.



Rômulo Cenci

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